Representatividade

Uma pelotense no Fórum das Nações Unidas

Ativista pela inclusão em espaços empresariais, Lisiane esteve em evento sobre negócios e direitos humanos

Foto: arquivo pessoal - DP - Lisiane levou sua experiência e conhecimentos para os debates sobre negócios e direitos humanos promovidos pela ONU na Suíça

Por Victoria Fonseca
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(Estagiária sob supervisão de Vinicius Peraça)

Dentre um seleto grupo de 1,3 mil pessoas de diferentes países que participaram de recente Fórum das Nações Unidas, lá estava a advogada e especialista em tecnologia Lisiane Lemos. Pelotense, ela levou sua experiência e conhecimentos para os debates sobre negócios e direitos humanos promovidos pela ONU na Suíça com objetivo de promover iniciativas para a proteção de indivíduos e prevenir violação de direitos no setor privado.

Aos 33 anos, Lisiane carregou para Genebra a representatividade e o objetivo de tornar o ambiente corporativista mais plural, assim como de levar de maneira acessível a grupos minorizados a experiência de navegação dentro de espaços empresariais pelo qual trabalha há vários anos. Convidada pelo Pacto Global da Organização das Nações Unidas no Brasil, programa que busca motivar empresas a adotarem os dez princípios universais nas áreas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupção, a advogada esteve entre os 18 brasileiros da delegação que representava o País no Fórum.

Ela conta que, quando recebeu o convite, inicialmente pensou que se tratava de um evento em São Paulo, mas quando descobriu que era na sede da ONU, na Suíça, ficou incrédula e extasiada. “Nunca imaginei nos meus sonhos mais ambiciosos que eu estaria nesse Fórum, representando o meu País depois de ter uma trajetória corporativa.”

Formada em Direito pela UFPel, na época da graduação Lisiane fez estágio em Educação e Direitos Humanos. Hoje, especialista em tecnologia com atuação em multinacionais como a Microsoft, a pelotense é ativista em movimentos de inclusão de populações sub-representadas em ambientes corporativos, sendo co-fundadora de iniciativas como o Conselheira 101, que visa ampliar o número de lideranças negras femininas em quadros de conselhos de administração.

Ela explica que o interesse pelos direitos humanos se converteu na sua atuação no corporativismo por meio da militância pela igualdade racial, de gênero e no anti capacitismo. “Eu tento trazer através de representatividade e compartilhamento de conhecimento essa visão de que o ambiente corporativo e privado é para todos”, sustenta.

Além do Fórum, que ocorreu durante três dias, a delegação brasileira também teve a pauta estendida pelo Pacto Global da ONU do País, em que uma das atividades, na Universidade de Genebra, foi a avaliação sobre algumas das ideias discutidas no evento, como uma central denominada Help Desk em que os países membros podem recorrer para desenvolver suas políticas, tirar dúvidas, entre outras possibilidades.

Desafios
Inserir a pauta dos direitos humanos em espaços empresariais e elucidar que os direitos trabalhistas também estão dentro dessas normas é um dos desafios que Lisiane traz da Suíça. “A maioria das empresas entende que direitos humanos é uma pauta acadêmica ou de filantropia e uma mensagem que ficou muito forte no Fórum é que quando falamos de direito a um salário digno, educação e tantos outros objetivos de desenvolvimento, também são direitos humanos.” Ser uma ponte entre esses dois mundos é um dos papéis que a especialista pretende cumprir.

Ela aponta ainda que, diante de inúmeras dificuldades no Brasil, os participantes voltam com a missão de levantar as discussões acerca do tema localmente e ampliá-las. “Considerando a primeira trava: português não é uma língua oficial da ONU, tem 5% da população que fala inglês e 3% que fala fluentemente, então aquelas 18 pessoas que foram têm esse compromisso”, lembra.

Inserção
Propagar para lideranças as ferramentas necessárias para transformar o corporativismo em um setor mais diverso e, inclusive, igualitário, é o que Lisiane busca fazer. A mudança necessária, conforme a advogada, é estrutural e que tem que ser perseguida por pessoas como ela que conseguiram romper barreiras sociais. “Somente uma mulher negra vai conseguir olhar com criticidade a conselhos de administração de grandes empresas e dizer: ‘isso não é proporcional ao que tem da porta para fora’”.

Representatividade de Pelotas
Divulgar que a UFPel e outras universidades da região formam ótimos profissionais e são tão recomendadas quanto as de grandes capitais do País é outro propósito de Lisiane. “Só alguém que saiu de uma cidade com 400 mil habitantes para um milhão vai poder dizer que a Universidade Federal de Pelotas e outras são tão boas e recomendadas pela Ordem quanto universidades X, Y, Z, que a gente sabe que são favorecidas em São Paulo.”

Além disso, para a especialista em tecnologia, o investimento em inovação e a promoção da conexão entre academia e o mundo corporativo são os principais pilares para o desenvolvimento da Região Sul. ​

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